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09 Fendas na névoa.

  O silêncio após a batalha era quase ensurdecedor.

  As gotas de chuva escorriam lentamente pelas paredes de pedra negra do Instituto Blackstorm. A criatura havia sumido, desfeita em uma névoa espessa que se dissipava como se jamais tivesse existido. O corredor, antes de um campo de confronto, agora parecia apenas... um corredor vazio.

  Fernando guardou sua arma, que brilhou por um breve segundo antes de se dissolver em luz, como se retornasse para algum lugar oculto — ou talvez para dentro dele mesmo. Sua respira??o estava controlada, mas os olhos, agora mais intensos e agu?ados, acabaram percorrendo o ambiente em busca de qualquer sinal de nova amea?a.

  Onnerb, ainda se recuperando do choque, mandou-se no ch?o molhado. Sentia seu corpo pesar, mas n?o era apenas exaust?o física. Era a percep??o de que uma linha havia sido cruzada. O que ele acaboua de testemunhar era mais do que um simples embate; era uma batalha entre for?as desconhecidas que coexistiam em seu mundo.

  — Você está bem? — a voz de Fernando cortou o silêncio como uma lamina afiada.

  Onnerb clamou o olhar, encontrando os olhos prateados do rapaz. Havia ali um misto de preocupa??o e curiosidade. Antes que pudesse responder, a garota prateada apareceu ao fundo do corredor, sua presen?a parecia imbuída de outra aura, como se a luta tivesse tido, de alguma forma, a afetada.

  Ela olhou para Fernando e ent?o para Onnerb, e pela primeira vez, os olhos dela s?o evidentes mais abertos, menos enigmáticos. Houve um reconhecimento tácito entre os três, um entendimento silencioso de que suas vidas estavam ligadas a maneiras que ainda n?o compreendiam.

  — O que foi aquilo? — Onnerb se for?ou a perguntar, sua voz rouca, embargada pelo choque.

  Fernando n?o respondeu. Ele se moveu lentamente da criatura desfeita, ajoelhou-se por um breve momento e tocou a água escura que restava no ch?o. Seus dedos deslizaram sobre o líquido, que pareciam reagir, puxando-se em dire??o à sua pele como se o obedecesse.

  A garota finalmente se viu com dificuldade. Sua respira??o era baixa, mas firme. Ela olhou para Fernando, depois para Onnerb. Os olhos dourados dela eram diferentes — mais atentos, mais frios.

  Fernando Corte o silêncio.

  — Isso n?o era uma sombra comum. Era um fragmento... algo enviado para observar. Ou testar.

  — Testar? — Onnerb franziu a sobrancelha. — Testar o quê?

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  Fernando virou lentamente o rosto em sua dire??o.

  – A gente.

  Um trov?o distante sacudiu a estrutura. A lampada acima deles piscou. Por um instante, parecia que todo o Instituto respirava junto com aquele momento.

  A garota se mudou de Onnerb. Sem dizer uma palavra, seu olhar intenso parecia pesar o que ele havia visto, o que sabia e o que n?o deveria saber.

  Fernando vê uma troca silenciosa.

  — Ele já está envolvido — disse ele, como se n?o houvesse mais escolha.

  — N?o por vontade dele — respondeu ela, em um tom quase inaudível.

  — Ninguém entrou nisso por vontade própria — retrucou Fernando, com um tom frio. — é sempre por sobrevivência.

  Os olhos de Onnerb saltaram de um para o outro. Havia uma conversa sendo travada entre eles que n?o precisavam de palavras, um pacto silencioso entre dois seres que conheciam um mundo escondido — um mundo que ele acabou de tocar pela primeira vez.

  Fernando se moveu de Onnerb lentamente. A cada passo que dava, as gotas de chuva no ch?o ondulavam, como se reagissem à sua presen?a.

  — Você está ferido. Mas n?o apenas por fora.

  Onnerb hesitou. N?o sabia se aquilo era uma amea?a, um aviso ou uma verdade.

  Fernando estendeu a m?o.

  — Vem. Vamos tirar você daqui antes de aplicar outro.

  Ele aceitou.

  Enquanto deixava o corredor, Onnerb lan?ou um último olhar para o ch?o onde a sombra havia desaparecido. A água escura ainda formava pequenos redemoinhos, girando lentamente, como se o mal deixasse ali ainda n?o tivesse ido embora por completo.

  A garota caminhava à frente, em silêncio.

  Fernando, atrás, parecia mais distante do que nunca.

  Onnerb vimos, pela primeira vez, que estava no meio de algo muito maior. E que talvez n?o houvesse mais volta.

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