[Português]

  Capítulo 9: Mentes Criadoras e Vozes

  Durante eras, a Tríade acreditava que cada Cria??o, por mais selvagem ou avan?ada, era apenas um ecossistema de evolu??o. Mas tudo mudou quando um Fruto de Nível 10 conhecido como Vryss, durante uma simbiose total com sua Cria??o, tocou a Mente Central — um núcleo biocognitivo que existia como a consciência inconsciente do mundo vivo onde evoluíra.

  Essa “mente” n?o era feita de palavras. Era uma rede de impulsos naturais, memórias geológicas, instintos da atmosfera, dores antigas enraizadas no próprio solo. E quando Vryss despertou esse núcleo... ele ouviu a Cria??o falar. N?o com sons, mas com sensa??es, pulsares, vis?es de origens esquecidas.

  Esse evento foi o início da Teoria das Vozes: a ideia de que cada Cria??o n?o apenas abriga vida, mas é um ser vivo em si, capaz de aprendizado, defesa, e escolha.

  As Vozes eram manifesta??es dessa consciência. Algumas se revelavam em forma de sonhos coletivos, outras em anomalias biológicas sincronizadas, e raramente... como encarna??es temporárias feitas de matéria simbiótica pura. Elas surgiam quando a Cria??o queria comunicar algo — um alerta, uma vis?o do futuro, um pedido de ajuda.

  Com o tempo, os Biomagos e os estudiosos da Ordem Sináptica criaram métodos para interpretar essas Vozes. Um dos mais eficazes era o Canto de Ressonancia, onde um grupo de simbiontes neurais entrava em harmonia rítmica com as pulsa??es do mundo, tentando decodificar as mensagens vindas das profundezas do inconsciente planetário.

  Em certas Cria??es, as Vozes se tornaram mentoras. Em outras, tiranas. Em todas... entidades sagradas. Algumas Sementes e Frutos passaram a cultuar essas Vozes como protetoras ou guias, enquanto a Eternavir mantinha um olhar cauteloso, ciente de que ouvir demais podia gerar vínculos perigosos — onde o Fruto deixava de ser um ser individual e tornava-se apenas um avatar do mundo ao qual pertencia.

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  Alguns chamaram isso de transcendência. Outros, de perda total de identidade.

  No final, a Tríade concluiu que, em cada Cria??o verdadeiramente evoluída, vive uma mente. E toda mente, mesmo as mais vastas, carrega segredos que só podem ser sussurrados, jamais gritados.

  [English]

  Chapter 9: Creative Minds and Voice's

  For ages, the Triad believed that each Creation, no matter how wild or advanced, was merely an ecosystem of evolution. But all that changed when a Level 10 Fruit known as Vryss, in full symbiosis with his Creation, touched the Core Mind—a biocognitive core that existed as the unconscious consciousness of the living world in which it had evolved.

  This “mind” was not made of words. It was a network of natural impulses, geological memories, instincts of the atmosphere, ancient pains rooted in the very soil. And when Vryss awakened this core… he heard Creation speak. Not with sounds, but with sensations, pulsations, visions of forgotten origins.

  This event was the beginning of the Theory of Voices: the idea that each Creation not only harbors life, but is a living being in itself, capable of learning, defense, and choice.

  The Voices were manifestations of this consciousness. Some revealed themselves in the form of collective dreams, others in synchronized biological anomalies, and rarely... as temporary incarnations made of pure symbiotic matter. They appeared when Creation wanted to communicate something, a warning, a vision of the future, a call for help.

  Over time, Biomages and scholars of the Synaptic Order created methods to interpret these Voices. One of the most effective was the Resonance Song, in which a group of neural symbionts entered into rhythmic harmony with the world's pulses, trying to decode the messages coming from the depths of the planetary unconscious.

  In certain Creations, the Voices became mentors. In others, tyrants. In all... sacred entities. Some Seeds and Fruits began to worship these Voices as protectors or guides, while Eternavir kept a cautious eye, aware that listening too much could generate dangerous bonds — where the Fruit ceased to be an individual being and became merely an avatar of the world to which it belonged.

  Some have called it transcendence. Others have called it a total loss of identity.

  In the end, the Triad concluded that within every truly evolved Creation lives a mind. And every mind, even the most vast, carries secrets that can only be whispered, never shouted.