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MEDO DO DEMÔNIO NÃO DESPODERAR

  Há um lugar escuro aqui dentro, que ensaio tocar, mas que termino por recuar. Me perder, desaparecer, como se nunca tivesse existido. Tudo o que vejo e toco n?o é real. Apenas meu espírito e dos que vivem o s?o, e n?o sei o que somos.

  - Eles perguntam, e é natural que se perguntem, Uivo. Afinal, você é um dem?nio, mas parece que está se segurando. Há algo que te impede, Uivo?

  Uivo suspirou demorado, os olhos passeando na face de Allenda. Suspirou novamente, parando no caminho.

  > Eu o vejo pensativo, ultimamente, e tenso, principalmente quando estamos em uma batalha. O que está acontecendo, Uivo?

  - é que... Medo, Allenda. Medo, só isso...

  - Que medo? – perguntou, a estranheza se estampando como uma máscara em seu rosto.

  - Sinto que, quando estou poderado como dem?nio, ele n?o deseja ir embora.

  - Você um dia me disse que ele n?o é uma entidade separada, que ele é você.

  - Achei que sim.... Mas, ele resiste como alguém que n?o quer ser esquecido, como alguém que n?o quer morrer – sorriu triste. – é como se ele quisesse permanecer...

  - Ent?o, você teme que n?o possa despoderar?

  - Sim...

  Allenda se aproximou e pegou nos bra?os de Uivo, os olhos sérios encarando o nefelin.

  - Sua natureza n?o é a maldade do dem?nio, Uivo. Você é um pumacaya e um dem?nio. Aposto que, quando se poderou pela primeira vez em pumacaya você se assustou, n?o?

  - Na verdade, n?o. Acho que sempre me poderava, desde pequeno.

  Allenda sorriu, soltando os bra?os de Uivo.

  - Confio em você, Uivo. Você vai aprender a confiar também. O dem?nio é você, ele sempre esteve dentro de você, ele sempre foi você. N?o há o que recear. Ele n?o é um ente que vive dentro de você; ele é você.

  - é estranho... Muitas coisas lembro e refor?o, mas o quando sou dem?nio, as coisas ficam um pouco confusas – disse.

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  - Energia diferente, só isso. Quando se harmonizar, conseguirá se manter estável. Bem, e o que pensa em fazer agora?

  - Vou mais para o Oeste. Por aqui está tudo tranquilo, e deve permanecer assim por algum tempo. Há um pequeno grupo de coloridos atacando cidades e aldeias. Vou ajudá-los...

  - Que bom, mas n?o demore muito. Sentirei saudades, até do dem?nio – sorriu, o que levantou um nível de aten??o em Uivo. Havia divertimento naquele sorriso.

  - Isso é uma baita novidade... Saudades do dem?nio?

  Claro que sim... – sorriu maliciosa. – Sabe que eu acho o dem?nio muito sexy? Sabia? – sorriu mais uma vez, enquanto girava nos calcanhares.

  - Ora, essa é nova – falou Uivo com voz de reclam?o, observando-a divertido.

  - é sério... Aquelas fumacinhas, aquela voz grossa...

  Uivo balan?ou a cabe?a, feliz, vendo Allenda se afastar.

  Ent?o, lentamente, se poderou em dem?nio. A energia parecia uma corrente girando dentro de seu corpo. Com cuidado diminuiu a influência sobre os lados, protegendo as plantas e os animais de sua presen?a. Gostou disso e ficou satisfeito. Aumentou um pouco mais a energia, o vermelho valsante, o ódio sob controle, a raiva medonha, o desejo de destruir. Respirou fundo e alterou sua frequência, e se sentiu bem, imerso em uma paz cheia de poder. Lentamente trouxe a raiva e o ódio, o desprezo e a indiferen?a, e os examinou profundamente, vendo que eram apenas sentimentos, atrasados, instintivos. Suavizou novamente as ondas que se batiam dentro de seu cérebro.

  Ent?o se colocou como observador de si mesmo.

  Devagar, como dem?nio se adiantou para dentro da floresta, tentando se acostumar com o dem?nio que era. à frente sentou-se numa pedra, os olhos vasculhando ao redor. Levantou os olhos acima das copas das árvores. Havia o céu azul, nuvens que passavam pregui?osas e o sol, a paz em todos os lugares que olhava.

  Bem suavemente se elevou, subindo acima das copas, sentindo o sol e o vento.

  Os montes foram se nivelando, as florestas dominantes esverdeando o mundo em diferentes matizes. Raramente, no horizonte que se expandia, surgia alguma clareira, algumas imensas como pradarias relvadas de um verde claro em meio ao verde escuro das florestas.

  Um urubu se assustou, fazendo um movimento brusco para se esquivar, confuso por encontrar alguém t?o alto no céu. Porém, refeito, continuou sua subida na térmica, indiferente ao dem?nio que o observava.

  Uivo pensou em subir mais, mas resolveu que já era suficiente. Sua cabe?a come?ava a latejar, denunciando que sua energia caia rapidamente

  Desceu exatamente no ponto de onde havia subido, rapidamente se despoderando.

  - Que bom... – sussurrou para si mesmo, tomando o rumo do acampamento, sentindo que a dor de cabe?a diminuía. - Mas, como será me manter assim numa batalha? Como me comportarei como dem?nio quando a raiva e o desprezo pela vida se insinuarem, quando eu estiver frente a frente com a maldade disponível como um alimento? A energia me falta quando sou dem?nio no total, e por isso dreno tanta energia. Como resolver isso, sem desmaiar ou me destruir?

  Novamente parou, sondando ao redor. Aquela paz era tocante.

  - Existe energia em tudo, porque tudo é energia – pensou. – Ent?o, deve ter alguma forma de suprir a energia que o dem?nio precisa sem que eu tenha que tomá-la do que vive.

  > Allenda – suspirou. – Amor, a maior for?a do universo... Os olhos que vi, os sorrisos, os carinhos, as falas gentis, os abra?os. Como me lembrar disso quando estiver como dem?nio?

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