N?o tenho tempo para inimigos, nem principalmente para amigos, que desconhe?o. Há algo que me ronda, e que preciso entender. Quando eu me decidir,... só ent?o poderei agir.
- Eu vou – falou Escurid?o, observando o que se desenrolava no mundo.
Trevas se virou e encarou Escurid?o.
- E vai aonde?
- Buscar Mercator – falou decidido. - Precisamos dele por aqui...
- Tudo bem, vá ent?o... – Trevas concordou após um breve pensar.
- Ora, e por que mudou de ideia? – Escurid?o estranhou. – Os anjos?
- Esses desgra?ados est?o aqui, sobre as montanhas... – declarou, os olhos perdidos nas distancias.
Escurid?o observou com cuidado o portal, e viu que ele estava livre de influências angélicas.
Diferente da outra vez, quando foram senhores daquelas montanhas, agora n?o iriam perde-las mais, apesar dos esfor?os inúteis dos anjos, recitou para si mesmo, o ódio vasculhando as distancias.
O grande portal central era deles, e eles tinham seres mais que suficientes para mantê-lo aberto até conseguirem reunir uma for?a demoníaca considerável. Ent?o, seria bom ter o auxílio de mais um dem?nio de for?a, mesmo que ele estivesse louco de pedra.
- Pode ficar tranquilo, Trevas. Eu vou lá buscá-lo, mas ele só virá se aceitar minhas condi??es...
- Que s?o???
Escurid?o sondou as inten??es e desconfian?as de Trevas, e n?o pode deixar de sorrir.
- Que entenda quem manda por aqui...
Escurid?o viu o momento em que Trevas pareceu enrijecer, as bordas da manta se tomando de cuidados.
- E quem manda aqui, Escurid?o? – perguntou, a voz normalmente fria agora tomada de uma amea?a disfar?ada.
- Nós dois, meu irm?o – sorriu com maldade. – N?o é assim?
- Claro, claro que é assim, Escurid?o...
- Que bom que também estamos entendidos sobre isso – sorriu satisfeito, vendo que o outro se mostrava bastante confuso.
- Aguarde – mandou Trevas, os olhos presos no portal.
Com paciência manteve-se atento ao sacerdote, que estava à frente dele, enquanto que do outro lado do portal se abria o mundo pris?o onde uma massa imensa de dem?nios procurava passar para este mundo.
Ent?o, a for?a que imprimiam contra o portal diminuiu, momento em que Trevas aumentou seu poder sobre o sacerdote.
Antevendo o momento preciso Trevas deu um estalido curto, que soou como o som de um chicote cortando o ar e a carne do mundo. Em atendimento à sua ordem, num impulso súbito Escurid?o saltou para dentro do portal, passando pelo peito do sacerdote, que estremeceu horrivelmente, e sumiu na grande massa que ainda tentava for?ar a passagem, que logo se aquietou e pareceu se acomodar ao vê-lo ante eles. Satisfeito, Escurid?o os deixou e seguiu seu voo rápido em dire??o a vários grupos de sombras que observavam e aguardavam. Após algum tempo, partiu num voo veloz para o interior do planeta.
Havia uma solid?o intensa ali, Escurid?o sentiu com prazer. Ent?o viu a ilha, e a montanha, e sobre ela uma pris?o, onde um gigantesco sombra se mostrava sentado e alheio a tudo o que estava acontecendo.
Devagar foi se aproximando, enquanto uma turba ruidosa voejava em volta, antevendo uma nova sess?o de alimenta??o por parte de Mercator.
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Quando parou frente às grades olhou o sombra, que pareceu nem ao menos perceber que ele estava ali.
- Vim te buscar, Mercator.
O sombra pareceu pender a cabe?orra. Ent?o, com uma terrível lentid?o a levantou e a virou para Escurid?o, os olhos maldosos procurando saber de sua vontade.
Mas nada disse, nem mostrou qualquer inten??o.
> Eu vim para libertá-lo, mas só preciso que me responda uma pergunta.
Os olhos alheados se mantinham sobre os de Escurid?o, a mente distante e branca.
> Será contra nós ou nos ajudará?
O poderoso anjo que mantinha à distancia o mundo pris?o sob vigília, se voltou mais atento ao portal, e viu o que estava se desenrolando ali.
- Uma oportunidade – cismou satisfeito. Num silêncio profundo ficou aguardando o momento certo.
- Será contra nós ou nos ajudará? – ouviu a pergunta, vinda de um lugar distante.
- Ajuda serei... – sussurrou para a brisa de um mundo distante.
- Ajuda serei – falou Mercator, os olhos pendurados na cara do outro dem?nio.
- Que bom que é assim – Escurid?o suspirou satisfeito.
Ent?o estendeu sua aten??o para as grades da pris?o, e viu o gatilho que o arquianjo instalara.
> Só há uma forma de sair daqui, e vamos ter que agir em conjunto – avisou. – Quando eu atingir a jaula, quero que toque neste lugar – apontou para um ponto do gradil. – Ele irá brilhar, e você terá que atingi-lo com toda sua for?a. Talvez fique fraco, e é muito provável que ele irá drenar muito de sua for?a, mas eu estou aqui, e vou te levar desse lugar. Compreendeu?
- Compreendi! – sussurrou o anjo, todo concentrado.
- Compreendi! – respondeu Mercator baixinho.
Escurid?o se voltou raivoso contra a turba de mantas e sombras, frustrados por Mercator se mostrar t?o dócil, n?o atacando Escurid?o. Ao darem conta de perigoso estado de animo do grande dem?nios, os sombras e mantas ficaram em silêncio, aumentando a distancia do dem?nio e da cela.
De súbito Escurid?o se atirou contra a jaula.
O choque foi extremamente violento, e as nuvens foram varridas para longe, atingindo com for?a todos os dem?nios que aguardavam, agora em completo silêncio, talvez se perguntando quando o louco do Mercator atacaria Escurid?o. Por alguns segundos o mundo se mostrou claro e as terras negras pareceram arder em agonia. A jaula toda se acendeu, as barras tornando-se douradas e vermelhas.
O anjo viu uma sec??o de uma barra à direita se ascender, e soube que ali teria que ser impressa muito energia.
Ent?o usou toda sua energia na liga??o que mantinha com Mercator, temendo o risco de perder para sempre a liga??o frágil que mantinha, tendo o cuidado de n?o se mostrar para Escurid?o. Com muito cuidado imprimiu uma imagem da sec??o alvo, o que despertou Mercator por milésimos de segundos.
Mercator reagiu com uma violência desmedida, ao ver surgir num canto da sua cela a imagem sugerida de um deus, do mesmo deus que o relegara ao esquecimento e que o ignorava sistematicamente. Tomado de fúria se ergueu em toda sua altura e atingiu com todo seu terrível poder a pequena por??o da barra.
A explos?o foi absurda, lan?ando Escurid?o para longe e Mercator contra as barras opostas. Toda a montanha pareceu que iria se desfazer, tal a for?a que atingira aquela parte do mundo.
Com rangidos de agonia tudo foi silenciando novamente, até se aquietar por fim.
Quando Escurid?o se levantou e olhou para dentro da jaula, viu que havia conseguido.
Ao olhar para os lados viu apenas mantas vagando como sonambulos ou dementes, de tudo já esquecidos.
Voltou novamente os olhos para a jaula e para Mercator, que parecia desacordado.
Por um momento ficou se perguntando se n?o seria o momento de destruir Mercator. Com um suspiro raivoso viu que n?o era aquele o momento para isso, e depressa voou para dentro da jaula e de lá o tirou, receando que fosse tudo parte de uma armadilha para o aprisionar também.
Mas, aliviado, suspirou quando estava voando veloz na dire??o do portal, carregando Mercator consigo, que lentamente se refazia.
Repentinamente, como se houvesse uma combina??o prévia, tudo se precipitou. Os sombras avan?aram para o centro do portal e o tomaram, impedindo qualquer passagem dos pequenos mantas. Houve um rápido embate que resultou na destrui??o de muitos mantas. Com medo esses se afastaram e ficaram vigiando de longe enquanto os sombras, os verdadeiros dominantes, tomavam posse do portal do lado sombrio.
Escurid?o surgiu ao longe, e n?o estava mais sozinho, confirmou Trevas satisfeito. Ao seu lado vinha um sombra gigantesco, parecendo ser extremamente poderoso. Eles se aproximaram do portal e todos, até mesmo os mais ferozes, lhes abriram caminho.
Escurid?o, exultante com a rápida evolu??o dos acontecimentos, junto com o companheiro trespassou como um bólido o peito do sacerdote em transe, retornando para o altiplano. O jovem sacerdote estremeceu violentamente os bra?os e o tronco, como um boneco descontrolado.
Mas, rapidamente, para dar prosseguimento à domina??o daquelas terras, Trevas voltou novamente sua aten??o para o portal, e para tudo o que acontecia ao redor, satisfeito com o andamento das coisas.
Quando as coisas se acomodaram ao seu gosto olhou com aten??o ao redor, e estranhou n?o o ver.
Trevas flutuou ao lado de Escurid?o.
- Ele n?o está aqui – falou, observando com cuidado os arredores do céu.
Escurid?o examinou as distancias.
- Ele ficou muito tempo prisioneiro, afastado por eras. Mercator vai se recompor e vai voltar. Ele aceitou nos ajudar a dominar essas terras – declarou com tranquilidade, o que fez Trevas dar de ombros, voltando novamente sua aten??o para o portal.
Lentamente as imagens na porta foram se anuviando, até que sumiram. Trevas e Escurid?o, juntamente com todos os outros, deram um urro longo e suave, e olharam famintos para o povo.